O feminismo é um movimento social que há décadas vem lutando por igualdade de gênero e pelos direitos das mulheres. Além de promover mudanças na sociedade, o ativismo feminista também tem um papel crucial no avanço da democracia e neste artigo você vai entender como é fundamental para promover a verdadeira equidade em todos os níveis de tomada de decisões políticas, seja como eleitoras, candidatas ou ativistas.
Defesa dos direitos políticos das mulheres
Ao longo da história o feminismo tem sido um importante defensor dos direitos políticos das mulheres. Você sabia que o sufrágio feminino, também conhecido como o movimento de emancipação feminina nas eleições, que iniciou em 1893 na Nova Zelândia só foi introduzido no Brasil em 1932?
E não pense que foi fácil desafiar as normas sociais discriminatórias e conquistar o direito ao voto. Para ter voz ativa e escolher seus representantes, foram mais de 50 anos de mobilização coletiva.
Mas nem todas as mulheres podiam votar ainda, o Código Eleitoral de 1932 só permitia que votassem ou fossem votadas as mulheres casadas com o aval do marido ou as viúvas solteiras com renda própria. Somente em 1934 é que essas determinações foram retiradas, mas continuou sendo um voto facultativo, vindo a se tornar obrigatório apenas em 1946.
Não faz nem um século da conquista do voto feminino, e veja só, hoje as mulheres já representam mais da metade dos eleitores com poder de definir uma eleição.
“A participação das mulheres em cargos políticos está diretamente relacionada à democracia e igualdade de gênero, garantindo uma representação mais justa e inclusiva na tomada de decisões. Representamos metade da população, nossas vozes, necessidades e perspectivas devem ser refletidas nas políticas públicas. Quando as mulheres ocupam cargos políticos, elas podem trazer questões importantes para a agenda política, como igualdade de gênero, violência doméstica, saúde reprodutiva e creches, entre outras pautas relevantes para a sociedade.”, explica Priscilla Bittar, advogada, pré-candidata à prefeitura de Paulínia, em São Paulo.
A importância da representatividade feminina
Apesar dos avanços conquistados ao longo dos anos, ainda há muitos desafios a serem enfrentados. A falta de representatividade feminina nos órgãos de decisão sempre foram um obstáculo para alcançar uma sociedade mais igualitária.
Priscilla, que também faz parte do coletivo Mulheres pela Justiça, na região de Campinas, vê o cenário atual brasileiro em relação à defesa dos direitos das mulheres com preocupação e determinação.
“A violência contra as mulheres continua sendo um grave problema no país, e é essencial fortalecer as leis e políticas de combate à violência doméstica e de gênero. Além disso, é necessário promover a igualdade salarial, garantir a representação das mulheres em cargos políticos e incentivar a participação feminina em todas as esferas da sociedade. O trabalho do coletivo Mulheres pela Justiça busca conscientizar a população, apoiar as vítimas de violência e pressionar por políticas públicas mais efetivas na defesa dos direitos das mulheres.”, reforça a pré-candidata.
As mulheres enfrentam desafios únicos em suas carreiras políticas, incluindo o sexismo, a misoginia e a violência política de gênero. Por isso, se faz cada vez mais necessário denunciar formas de discriminação e exigir medidas para garantir um ambiente político mais seguro e igualitário para as mulheres.
O que as causas feministas atuais defendem?
No cenário atual, o ativismo feminista é marcado por uma série de causas vitais que têm sido fundamentais na busca por uma sociedade mais igualitária. Dentre as questões, destacam-se algumas pautas que se mostram urgentes e que têm mobilizado mulheres em todo o mundo. Dentre eles destacamos:
- Direitos reprodutivos: acesso ao planejamento familiar, serviços de saúde reprodutiva e direito ao aborto seguro têm sido temas centrais na luta pela autonomia das mulheres sobre seus corpos.
- Luta contra a violência de gênero: o combate à violência doméstica, estupro, assédio e feminicídio continua sendo uma pauta urgente em todo o mundo.
- Equidade salarial: a busca por igualdade salarial entre homens e mulheres em todas as profissões e níveis hierárquicos é uma questão crucial para alcançar a igualdade de gênero no campo econômico.
- Representação política: garantir a participação ativa e igualitária das mulheres em cargos políticos e de tomada de decisões é essencial para a construção de uma sociedade mais justa, diversa e respeitosa.
- Inclusão e diversidade: a luta por uma sociedade mais inclusiva também engloba questões de gênero, raça, orientação sexual e identidade de gênero, buscando combater a discriminação e promover a igualdade para todas as mulheres
Referências feministas na política
Existem diversas figuras públicas brasileiras que vem se destacando na defesa dos direitos das mulheres e na luta pela igualdade de gênero, entre elas estão:
- Benedita da Silva: ex-governadora, atualmente deputada federal do Rio de Janeiro, é uma importante voz ativa na defesa dos direitos das mulheres e na promoção da igualdade de gênero.
- Luiza Erundina: ex-prefeita e atual deputada federal pelo estado de São Paulo, tem uma longa trajetória na política brasileira e sempre defendeu pautas feministas e de justiça social.
- Maria do Rosário: deputada federal pelo Rio Grande do Sul, é uma defensora ativa dos direitos humanos e das mulheres, especialmente no combate à violência de gênero.
- Manuela D’Ávila: ex-deputada federal do Brasil e escritora, tem se destacado na luta pelos direitos das mulheres e na promoção de políticas de igualdade de gênero.
- Erica Malunguinho: deputada estadual em São Paulo, é uma referência na luta pelos direitos das mulheres negras e na promoção da equidade racial e de gênero.
- Sâmia Bomfim: deputada federal por São Paulo, tem se destacado na defesa dos direitos das mulheres e na luta por uma sociedade mais justa e inclusiva.
Outras referências feministas pelo mundo afora incluem:
- Angela Merkel: ex-chanceler da Alemanha, foi uma das principais líderes políticas no cenário internacional, defensora de pautas feministas e dos direitos das mulheres.
- Jacinda Ardern: ex-primeira-ministra da Nova Zelândia, que se destacou por suas políticas progressistas e abordagem empática em relação a questões sociais, incluindo a igualdade de gênero.
- Alexandria Ocasio-Cortez: congressista nos Estados Unidos, uma voz influente no campo progressista e tem defendido políticas voltadas para a igualdade de gênero e a justiça social.
- Malala Yousafzai: embora não seja uma figura política, a ativista paquistanesa ganhadora do Prêmio Nobel da Paz é uma referência inspiradora para a luta pelos direitos das mulheres e pelo acesso à educação.
Essas são apenas algumas das figuras políticas que têm se dedicado à causa feminista e à promoção da igualdade de gênero. É importante lembrar que há muitas outras mulheres engajadas nessa luta, cada uma contribuindo de maneira única e valiosa para a construção de uma sociedade mais igualitária e justa para todas.
À medida que continuamos avançando, é essencial reconhecer e apoiar o trabalho do feminismo para que possamos alcançar uma democracia verdadeiramente representativa e igualitária para todos.
